terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tornando a equipe musicalmente flexível.


CENA 1: É domingo à noite e você está conduzindo o período de louvor. Você sente que Deus o está incomodando para repetir o refrão de uma música, mas num compasso mais lento, para enfatizá-la. Você sabe como sinalizar para a sua equipe repetir essa parte da música?

CENA 2: Você está liderando o louvor e se sente fortemente conduzido a adicionar uma música e tirar outra que estava na lista das músicas a serem tocadas. Você consegue fazer isso sem que haja uma tragédia musical? Será que o guitarrista e o tecladista não ficarão resmungando?

CENA 3: Você está próximo do final de uma música e Deus está agindo poderosamente. Você quer cantar algo com as pessoas sem interromper o fluir da adoração. Será que a banda terá alguma vaga idéia do que fazer nessa situação? Será que os cantores instintivamente sentirão o que devem cantar?

Cada uma dessas situações nos mostra a necessidade de haver flexibilidade na equipe de louvor. Já se foi o tempo em que nós pensávamos em louvor nas nossas igrejas como sendo algo estático e com todos os detalhes previamente planejados. Ao convidarmos a presença do Senhor enquanto adoramos, nós estamos dizendo a ele: "Venha estar conosco; venha nos conduzir". Nós não devemos nos surpreender se ele quiser modificar a nossa lista de músicas e enfatizar algo que estamos cantando. Ele pode até mesmo querer mudar a lista.

Não me entenda mal. Eu não estou dizendo que nós não devemos planejar e treinar. A minha equipe ensaia todas as quintas-feiras à noite, e nós buscamos estar preparados espiritualmente e musicalmente para os cultos.

O segredo da flexibilidade na adoração é a maneira como você ensaia. Há muitos anos, percebi que estava ensinando para a equipe arranjos específicos para as músicas. E com isso eu quase que os fazia morrer todas as vezes que modificava alguma música durante a execução do período de louvor. A saída para isso é não tentar fazer tocar exatamente igual ao que foi ensaiado.

Ao invés disso, percebi que nós precisávamos praticar a flexibilidade e a espontaneidade. Hoje em dia, eu ensaio de uma maneira que a equipe "veja e ouça" enquanto eu toco, para que eles possam perceber os sinais que eu dou.

Todos na equipe percebem que as coisas podem mudar, dependendo da experiência de adoração do momento. Por termos uma história juntos, eles conhecem os meus costumes musicais e a minha linguagem corporal. Isso significa que eles estão mais aptos a perceber as mudanças que eu faço numa música durante o período de louvor.

Aqui vão algumas coisas que eu considero importantes, e que devem ser acrescentadas à maneira como ensaiamos.

1. Ensine a equipe a observar os sinais e os hábitos musicais.

Todos os líderes de louvor com os quais eu tenho tocado e observado, possuem hábitos. Você tem as suas manias musicais e eu tenho as minhas. A questão é: você está ciente delas? E será que a equipe sabe o que elas significam?

Nós realmente estamos falando sobre linguagem corporal e sobre estar certos de que a equipe pode decifrar o significado dessa linguagem. Se estamos tocando a música "Vem, esta é a hora" e eu toco o teclado com o mesmo volume, ou um pouco mais alto no final do refrão, da mesma maneira que no início, a minha equipe sabe que eu irei repetir o refrão.

Se eu colocar a minha mão direita nas costas, a equipe sabe que deverá parar de tocar na próxima parte da música. Esses são dois dos sinais que eu uso constantemente.

Fazer com que a sua equipe conheça as suas manias musicais e tentar desenvolver sinais será um valioso investimento do seu tempo e esforço. Os guitarristas sempre usam a guitarra para dar alguns sinais. Eles podem baixar um pouco o instrumento, e isso pode significar que eles tanto devem reduzir o ritmo ou mesmo tocar um pouco mais suave. Isso tudo depende da definição que o líder da equipe der ao sinal.

2. "Hang time" e "Rocking chords"

Muitas vezes eu vou para o final da música que estamos cantando, e quero me demorar um pouco naquela parte da canção. Se eu apenas quiser repetir uma parte da música, eu faço um sinal circular com a mão, e a equipe sabe que isso significa que devemos repetir o refrão da música, e que eles devem prestar atenção pois o fim da música está se aproximando. Entretanto, algumas vezes eu encerro a música sentindo vontade de cantar algo novo que não é parte da música e que não está escrito em nenhum lugar.

E, às vezes, uma música espontânea vem na seqüência. Como a banda saberá o que fazer então? A primeira regra aqui que se aplica a nossa equipe é: se estiver em dúvida, silencie.

Simplesmente, espere até que você perceba o acorde padrão que o líder está tocando ou até que seja convidado a tocar junto. Quase sempre, os nossos músicos e cantores percebem automaticamente o fluir daquilo que eu estou fazendo à medida que a parte espontânea aparece. Eu chamo isso de "hang time" a todos os momentos em que nós tocamos algo que não foi ensaiado e que não há nenhuma partitura.

A expressão "rocking chords" é o nome que eu dou à progressão de acordes que eu estou usando nos momentos espontâneos. Eu tenho ensinado à banda que observem a minha mão esquerda durante essas partes da música. Se eu sinalizo para a esquerda, isso significa que eles devem ir para o intervalo de quinta, seja qual for o tom que estejam (se estivermos em "G", eles devem ir para o acorde de "D").

Se eu sinalizo para a direita, eles vão para o acorde principal ("G" nesse caso). Se eu sinalizo para a esquerda enquanto estamos tocando o acorde principal, eles irão tocar o quarto intervalo do acorde "G", que é o acorde "C." Este método proporciona um meio para que a equipe continue participando e esteja musicalmente envolvida com o que Deus está nos conduzindo a fazer.

Os nossos cantores esperam para ouvir o que eu estou cantando antes de cantarem. Eles também observam os meus olhos para saber se devem ou não cantar nessa parte. Às vezes, um dos cantores irá liderar os demais no cântico espontâneo, e aí o líder de louvor precisa fazer o seu melhor para seguir o cantor e orientar a banda ao mesmo tempo.

Existem muitos exemplos de "rocking chords" no final das músicas dos CD´s da série Winds of Worship. Sempre são acordes que estavam no corpo das músicas que foram cantadas. Eu sempre irei avisar a equipe sobre o que eu devo fazer ao final de cada música, e assim eles já terão um padrão de acordes que eu vou usar. Novamente, isso é praticar a "flexibilidade".

3. Prepare a equipe para possíveis mudanças na lista de músicas.

Há alguns anos, fui convidado a tocar teclado para um outro líder de louvor numa conferência e realmente gostei da maneira como ele montava a lista de músicas para o louvor. Depois de listar as músicas a serem tocadas, ele incluía uma outra seção, chamada de "possíveis". E, logo abaixo, ele listava uma série de músicas que queria que nós estivéssemos preparados para tocar. Nós encerrávamos o louvor tocando uma das músicas "possíveis", trocando-a por uma das que foram escolhidas antes. E essa música acaba sendo uma das mais poderosas de toda a lista das que deveriam ser tocadas.

De tempos em tempos, eu mudo a maneira de fazer as coisas (especialmente quando eu sinto que Deus tem falado ao meu coração, e colocado uma música diferente em meu coração). Isto não acontece todas as semanas, nem todos os meses, mas a minha equipe não se surpreende quando isso acontece. É difícil para a equipe ficar observando atentamente, tentando buscar a música nos arquivos da memória e conseguir acompanhá-lo. Aqueles que tem uma vaga noção de como seja a música podem conseguir. Os que não possuem essa noção precisam silenciar ou observar os outros música para ver os acordes que estão sendo tocados e os sinais que estão sendo usados.

Eu ensino a minha equipe a permanecer de cabeça erguida sempre que possível, e peço que eles não fiquem com os olhos fixos em cifras ou partituras o tempo todo. Encoraje a sua equipe a gastar tempo memorizando as progressões e os padrões de acordes. Eles se tornarão uma equipe melhor se fizerem isso.

O mais importante

Queremos estar na vontade de Deus ao lhe oferecermos o nosso louvor e a nossa adoração. Praticar a flexibilidade nos dá mais liberdade e nos ajuda a cooperar com o fluir do Espírito de Deus enquanto conduzimos as pessoas até o trono de Deus.

Terry Butler é um reconhecido líder de louvor, compositor e palestrante dentro do movimento Vineyard. A sua sabedoria tem fortalecido muitos líderes de louvor e muitos músicos ao redor do mundo por meio dos treinamentos e palestras em muitas denominações.

Por Terry Butler.

Fonte: Vineyardmusic.com.br